Nova integração do BPC com Bolsa Família: Veja como isso pode resultar em renda dupla
O Brasil é um país com inúmeras iniciativas de apoio social voltadas para diferentes públicos, como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada (BPC).
No entanto, uma dúvida que paira sobre muitas famílias é: é possível receber os dois benefícios ao mesmo tempo? Neste artigo, vamos explorar essa questão, analisando a legislação atual, as dificuldades enfrentadas, e as propostas em discussão para mudar esse cenário.
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Entendendo o Bolsa Família e o BPC
O Bolsa Família é um programa de transferência de renda destinado a famílias em situação de pobreza e extrema pobreza, com o objetivo de garantir a elas acesso a serviços essenciais como educação e saúde. Para ter direito ao benefício, a renda familiar per capita deve ser de até R$ 218.
Já o Benefício de Prestação Continuada (BPC) é um direito garantido pela Constituição Federal a idosos com 65 anos ou mais e a pessoas com deficiência, que comprovem não ter meios de se sustentar e nem de serem sustentados por suas famílias.
O valor do BPC é de um salário mínimo (R$ 1.412), e ele não exige contribuição prévia à Previdência Social.
O Impasse: BPC como Renda
Apesar de ambos os benefícios serem voltados para pessoas em situação de vulnerabilidade, a legislação atual dificulta que uma família receba os dois ao mesmo tempo. Isso ocorre porque o BPC é considerado como renda no cálculo do Bolsa Família.
Se uma família recebe o BPC, que equivale a um salário mínimo, a renda per capita do grupo familiar pode facilmente ultrapassar os R$ 218 permitidos pelo Bolsa Família, impedindo o acesso ao programa.
Esse cálculo é motivo de controvérsia, pois muitos argumentam que o BPC não deveria ser considerado como renda, já que se trata de um benefício assistencial.
Proposta de mudança: PL 3.619/2023
Diante dessas dificuldades, foi proposto o Projeto de Lei PL 3.619/2023, que busca alterar a Lei do Bolsa Família.
O principal objetivo do projeto é retirar o BPC do cálculo de renda familiar para fins de concessão do Bolsa Família, permitindo que mais famílias em situação de vulnerabilidade possam acessar os dois benefícios.
O senador Flávio Arns (PSB-PR), defensor do projeto, argumenta que considerar o BPC como renda penaliza as famílias, especialmente aquelas com membros que possuem deficiência.
Segundo Arns, o BPC não é renda, mas sim um benefício destinado a garantir uma vida digna às pessoas com deficiência ou aos idosos que não têm outras fontes de sustento.
Como funciona a legislação atual
Atualmente, a lei não proíbe explicitamente o acúmulo dos dois benefícios. No entanto, as regras de renda são um grande obstáculo.
Se a renda per capita de uma família ultrapassa o limite de R$ 218 por pessoa, o acesso ao Bolsa Família é negado.
Isso faz com que famílias que já recebem o BPC, e que teriam direito ao Bolsa Família, fiquem de fora do programa.
Esse cenário é ainda mais complicado para famílias numerosas ou que dependem exclusivamente do BPC para sobreviver.
Como o valor do BPC é relativamente alto em comparação ao limite de renda do Bolsa Família, muitas dessas famílias acabam sendo excluídas do programa de transferência de renda.
O futuro do Projeto de Lei
O PL 3.619/2023 está atualmente em tramitação na Comissão de Assuntos Sociais (CAS) e ainda precisa passar por diversas etapas antes de ser aprovado.
O próximo passo é o encaminhamento para o Senado Federal. Se aprovado, o projeto precisará ser sancionado pelo presidente para se tornar lei.
Caso o projeto seja aprovado, a exclusão do BPC do cálculo de renda familiar permitirá que mais famílias tenham acesso ao Bolsa Família, sem que o BPC interfira na concessão do benefício.
Isso seria um grande alívio para muitas famílias que hoje enfrentam dificuldades para atender às suas necessidades básicas.
Conclusão: A importância da mudança
A possibilidade de acumular o Bolsa Família e o BPC é uma questão de justiça social.
A exclusão do BPC do cálculo de renda familiar ajudaria a garantir que as famílias mais vulneráveis possam contar com os dois benefícios, melhorando significativamente sua qualidade de vida.
Embora o caminho para a aprovação do PL 3.619/2023 ainda seja longo, a mobilização em torno do tema demonstra a importância dessa mudança.
A expectativa é que, com a aprovação do projeto, as famílias que mais precisam possam ter acesso a um suporte financeiro mais adequado às suas necessidades.