BC pode aumentar Selic em setembro apesar da deflação de agosto
A recente deflação registrada em agosto não impede que o Banco Central (BC) considere um aumento na taxa Selic em sua próxima reunião.
O cenário econômico atual exige uma análise detalhada dos fatores que pressionam a inflação para que a decisão sobre a Selic seja a mais acertada.
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Análise da inflação e da Selic
O BC enfrenta um dilema: embora a deflação de agosto sugira um alívio nos preços, a decisão sobre a Selic dependerá de uma avaliação mais abrangente dos componentes que impactam a inflação.
Conforme explica Braz, se a alta dos preços for resultado de fatores externos, como a escassez de alimentos devido à seca, o aumento da Selic pode não ser eficaz.
No entanto, se o aumento da inflação for impulsionado pelo consumo excessivo, uma elevação da taxa pode ajudar a controlar a pressão inflacionária.
A visão dos especialistas
Caio Megale, economista-chefe da XP Investimentos, destaca que o Comitê de Política Monetária (Copom) está atento a diversos indicadores para orientar sua decisão, não apenas o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). “O IPCA é importante, talvez seja o mais importante [dos indicadores], mas vai ser analisado com os demais”, afirma Megale. A decisão sobre a Selic levará em conta também o câmbio, o desemprego e o PIB.
Por outro lado, Silvio Campos Neto, economista e sócio da consultoria Tendências, sugere que o BC deve adotar uma postura de aperto monetário moderado.
Embora a inflação não esteja fora de controle, ela permanece mais persistente do que o esperado. “Não é uma inflação fora de controle ou excessivamente alta, mas é mais persistente, que não mostra, pelo menos por ora, sinais de que vai recuar muito além do que já recuou”, afirma Campos Neto.
Impactos da Selic na economia
A taxa Selic, conhecida como taxa “básica”, influencia outras taxas de juros no mercado, afetando diretamente empréstimos, financiamentos e investimentos. Juros mais baixos incentivam o consumo e o crédito, enquanto juros mais altos desestimulam essas atividades. A Selic também impacta a geração de empregos; uma taxa elevada aumenta o custo para as empresas, reduzindo investimentos e contratações.
Além disso, a Selic influencia o mercado financeiro. Juros baixos tendem a aumentar a demanda por investimentos de risco, como ações, enquanto juros altos favorecem produtos de renda fixa, como títulos do Tesouro e CDBs.
Tempo de reação
É importante notar que uma possível alta na Selic pode levar de seis a nove meses para mostrar seus efeitos completos na economia e ajudar a conter a inflação.
Expectativas e incertezas
Silvio Campos Neto aponta que as expectativas estão desancoradas, refletindo incertezas quanto à capacidade de atingir a meta de inflação. Fatores como o aumento dos gastos públicos, mudanças na presidência do BC e a redução da meta de inflação contribuem para essas incertezas.
Em resumo, enquanto o BC avalia se a Selic deve ser aumentada, a análise dos fatores inflacionários e das expectativas econômicas continuará a desempenhar um papel crucial na formulação da política monetária.
Imagem: rafastockbr / Shutterstock