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Bolsa Família e carteira assinada: descubra como o programa agora permite ambas opções

Recentemente, boatos circularam na internet afirmando que beneficiários do Bolsa Família não poderiam trabalhar com carteira assinada sem perder o benefício. Essas declarações, porém, são falsas.

O Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) esclareceu que é possível trabalhar formalmente e continuar recebendo o Bolsa Família, desde que respeitadas algumas regras específicas.

Neste artigo, vamos esclarecer como o programa realmente funciona e desmentir informações incorretas que geraram confusão entre os beneficiários.

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Bolsa Família e as Fake News Sobre Trabalho Formal

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Imagem: Lyan Santos / MDS

Declarações Errôneas Sobre o Bolsa Família

O rumor de que o Bolsa Família impede os beneficiários de trabalharem formalmente ganhou força após declarações do empresário e candidato à prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal.

Em uma entrevista ao podcast Flow, em agosto de 2024, ele afirmou que, sob o atual governo, os beneficiários do programa não poderiam ter outras rendas, contrariando a gestão anterior. Segundo ele, “se tiver o Bolsa Família, não pode ter renda”, o que gerou grande repercussão.

Entretanto, a informação é falsa. O MDS foi rápido em esclarecer que os beneficiários podem, sim, trabalhar formalmente ou como Microempreendedores Individuais (MEI), desmontando o mito de que o Bolsa Família é um impedimento ao emprego.

Impacto das Fake News na Sociedade

Esses tipos de desinformação afetam diretamente a percepção pública sobre os programas sociais, criando um cenário de preconceito e de resistência contra a inclusão produtiva promovida pelo Bolsa Família.

É essencial que as informações corretas sejam divulgadas para que os beneficiários possam planejar suas vidas com mais segurança, sem o receio de perder o benefício ao buscar oportunidades de trabalho formal.

Como Funciona o Bolsa Família com Carteira Assinada?

Regra de Proteção: Beneficiários Empregados Também Têm Direito

O relançamento do Bolsa Família em 2023, sob a gestão do presidente Lula, trouxe diversas atualizações ao programa, incluindo a Regra de Proteção. Essa regra garante que famílias cuja renda aumente devido à obtenção de emprego formal não sejam excluídas automaticamente do programa. Na prática, isso significa que:

  • Famílias que tenham um aumento de renda de até meio salário mínimo por pessoa (R$ 706) podem continuar recebendo 50% do valor do benefício por até dois anos;
  • A regra vale tanto para empregados com carteira assinada quanto para aqueles que optem pelo MEI ou por outras formas de trabalho autônomo.

Essa política é uma das principais estratégias do governo para incentivar a inclusão produtiva sem desamparar as famílias em situação de vulnerabilidade.

Critérios de Elegibilidade do Bolsa Família

Os principais critérios para ingressar e permanecer no programa incluem:

  • Renda mensal familiar de até R$ 218 por pessoa;
  • Inscrição no Cadastro Único (CadÚnico), com análise de enquadramento no programa.

Esses critérios são acompanhados por bônus, como acréscimos de R$ 150 por criança de até 6 anos e R$ 50 para gestantes e crianças de 7 a 18 anos.

Impacto do Bolsa Família na Geração de Empregos

Inclusão Produtiva e o Mercado de Trabalho

Contrariando os boatos, o Bolsa Família tem contribuído para a inclusão de seus beneficiários no mercado de trabalho formal.

Dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) mostram que, entre janeiro e julho de 2024, o Brasil gerou 1.492.214 novos empregos com carteira assinada, sendo que 838.109 (56,2%) foram ocupados por beneficiários do programa.

Em julho de 2024, 115.285 beneficiários conseguiram emprego formal, representando 61,3% do total de empregos gerados naquele mês.

Abertura para o Trabalho Formal e Empreendedorismo

Com a aplicação da Regra de Proteção, beneficiários que ingressam no trabalho formal não são imediatamente excluídos do Bolsa Família. Isso também vale para quem se formaliza como MEI. O intuito é estimular o empreendedorismo e a busca por novas fontes de renda, sem prejudicar o suporte social proporcionado pelo programa.

Além disso, a legislação atual permite que essas famílias beneficiárias tenham uma transição gradual para fora do programa, diminuindo a dependência do auxílio ao longo do tempo, sem causar instabilidade financeira.

Bolsa Família e a Redução da Desigualdade

Desigualdade em Queda

O Bolsa Família tem sido um dos pilares na redução das desigualdades socioeconômicas no Brasil. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), divulgada pelo IBGE em 2024, o rendimento médio domiciliar per capita brasileiro alcançou R$ 1.848, o maior valor da série histórica, impulsionado em parte pela distribuição do benefício.

O Índice de Gini, que mede a desigualdade na distribuição de renda, também caiu para 0,518, o menor patamar histórico, destacando o papel do programa no combate à pobreza.

Benefícios Sociais Que Incentivam o Trabalho

Diferente do que alegam algumas fontes, o Bolsa Família não cria dependência, mas, ao contrário, proporciona um incentivo para que as famílias beneficiárias busquem melhores oportunidades, principalmente por meio de empregos formais e do empreendedorismo.

Essa política pública oferece uma rede de proteção para garantir que as famílias em situação de pobreza tenham apoio enquanto se estruturam financeiramente, seja por meio do emprego formal ou outras fontes de renda, como o MEI.

Desafios e Expectativas Falsas

Preconceito e Desinformação

O MDS lamentou que o Bolsa Família continue sendo alvo de desinformação e preconceito. O preconceito contra os beneficiários do programa ainda é uma barreira que precisa ser combatida, uma vez que muitos acreditam que o benefício incentiva a inatividade ou a dependência do Estado.

No entanto, os dados mostram exatamente o contrário: o Bolsa Família é uma ferramenta poderosa para fomentar a inclusão produtiva.

Considerações Finais

O Bolsa Família não impede os beneficiários de trabalharem com carteira assinada ou de se tornarem MEI, como sugerido por rumores recentes. Pelo contrário, o programa visa incentivar a inclusão produtiva e dar suporte financeiro às famílias enquanto elas melhoram suas condições econômicas.

A Regra de Proteção foi criada justamente para facilitar essa transição, permitindo que os beneficiários continuem no programa mesmo após conseguirem emprego formal.

Imagem: Lyon Santos / MDS

Ellen D'Alessandro

Ellen é redatora, cursando Letras — Licenciatura/Português e Alemão — na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Apaixonada por livros e séries de TV, escrevo também sobre benefícios sociais.

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