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Fechamento de contas bancárias: clientes brasileiros enfrentam falta de explicação

Recentemente, a Wise, uma das principais fintechs que oferece serviços de contas digitais multimoedas e transferências internacionais, surpreendeu seus clientes brasileiros residentes na Europa. Sem qualquer aviso prévio ou explicação detalhada, a empresa encerrou diversas contas, gerando frustração e incerteza.

O incidente levanta questões sobre as práticas de monitoramento e regulamentação em vigor e como isso impacta diretamente os usuários.

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Encerramento inesperado das contas Wise

Logo do banco Wise
Imagem: Divulgação / Wise

Os relatos começaram a se espalhar pelas redes sociais e plataformas de reclamação online, onde clientes manifestaram sua frustração com o fechamento de suas contas. De acordo com os usuários, a principal preocupação era o bloqueio completo do acesso aos recursos financeiros depositados, comprometendo pagamentos e atividades cotidianas.

Embora a Wise tenha se pronunciado brevemente sobre o incidente, afirmando que as desativações ocorreram de forma pontual, não coletiva, a empresa não forneceu explicações detalhadas. O principal motivo alegado foi o cumprimento de restrições regulatórias.

Possíveis razões para o encerramento

A falta de uma comunicação clara levou muitos a especularem sobre os motivos por trás dessas ações. Entre as explicações fornecidas pela Wise, a empresa indicou uma possível violação dos Termos de Uso, mas sem esclarecer quais atividades específicas teriam sido comprometedoras.

Regulação contra a lavagem de dinheiro

Uma das razões plausíveis é que o encerramento das contas esteja relacionado ao cumprimento de regras internacionais de combate à lavagem de dinheiro (AML) e ao financiamento do terrorismo. Instituições financeiras que operam globalmente, como a Wise, são frequentemente monitoradas por órgãos reguladores para garantir que transações suspeitas sejam identificadas e bloqueadas.

Transações envolvendo criptomoedas

Outro fator que pode estar ligado ao bloqueio de contas é a realização de transações com criptomoedas. A Wise, assim como outros bancos digitais, adota uma política rígida em relação a essas operações, principalmente devido ao aumento das regulamentações sobre criptoativos em várias jurisdições.

Transações volumosas ou atípicas com criptomoedas podem disparar alertas automáticos, levando ao bloqueio preventivo da conta.

Como proceder em caso de encerramento de conta

Se você for um dos clientes que teve sua conta Wise encerrada sem explicação, há algumas ações que podem ser tomadas para tentar resolver a situação ou, ao menos, garantir o acesso aos seus fundos.

1. Verifique as comunicações do banco

Embora muitos clientes tenham relatado não receber nenhuma notificação prévia, é importante revisar sua caixa de entrada de e-mails e as mensagens dentro do aplicativo da Wise. Em alguns casos, a empresa pode enviar comunicados com instruções adicionais ou justificativas para o bloqueio da conta.

2. Contate o suporte ao cliente

A Wise oferece atendimento ao cliente em português pelo número 0800 878 1204. Manter um registro de todas as tentativas de contato é essencial, pois, em alguns casos, a decisão de encerrar a conta pode ser reconsiderada. No entanto, a resposta da equipe de suporte nem sempre é imediata, o que pode exigir paciência.

3. Revise suas últimas transações

Se sua conta foi bloqueada, é recomendável revisar suas últimas movimentações, especialmente aquelas envolvendo transferências internacionais, criptomoedas ou grandes somas de dinheiro. Fornecer ao suporte da Wise uma explicação detalhada sobre qualquer transação que possa ser considerada suspeita pode ajudar na reabertura da conta.

4. Consulte um advogado ou especialista

Em casos de bloqueio indevido que afete significativamente sua vida financeira, buscar aconselhamento jurídico pode ser uma opção viável. Caso a falta de transparência e justificativa por parte do banco gere prejuízos, é possível que haja base para uma ação legal contra a instituição.

Wise e o desafio da regulação financeira

O incidente envolvendo o encerramento de contas de brasileiros residentes na Europa destaca os desafios que instituições como a Wise enfrentam ao operar em múltiplas jurisdições. A empresa está sujeita a diversas regulamentações, tanto em países da União Europeia quanto no Brasil, onde iniciou suas operações em 2016 sob o nome TransferWise.

Expansão da Wise no Brasil

Em 2024, a Wise foi aprovada pelo Banco Central do Brasil para operar como uma instituição de pagamento, o que ampliou sua atuação no país, integrando serviços como o Pix ao seu portfólio. Com essa expansão, veio também a necessidade de seguir rigorosamente as normas de conformidade, especialmente em termos de combate à lavagem de dinheiro e controle de transações suspeitas.

Como a Wise monitora transações suspeitas

Assim como outras fintechs, a Wise utiliza sistemas automatizados para monitorar transações financeiras de seus usuários. Esses sistemas detectam padrões que podem ser considerados suspeitos com base em uma série de fatores, como a frequência de transações, o destino dos fundos e o volume envolvido.

Uma vez identificado um comportamento potencialmente irregular, a conta pode ser bloqueada ou encerrada preventivamente, mesmo que o cliente não tenha cometido uma irregularidade de fato.

Impacto na confiança dos clientes

O encerramento de contas sem explicação clara gera insegurança e diminui a confiança dos clientes em instituições financeiras digitais. O caso da Wise reforça a importância de uma comunicação transparente por parte dos bancos, principalmente em situações que envolvem o bloqueio de recursos financeiros.

A falta de informação contribui para o sentimento de vulnerabilidade, especialmente para clientes que dependem da plataforma para realizar transações internacionais com frequência.

Considerações finais

O fechamento inesperado de contas pela Wise para brasileiros residentes na Europa reflete o desafio de equilibrar a conformidade regulatória com a confiança e a satisfação dos clientes.

Embora seja compreensível que bancos digitais estejam sujeitos a regras rigorosas para prevenir atividades ilícitas, a falta de comunicação clara e detalhada sobre o motivo das desativações prejudica a experiência do usuário.

Clientes afetados devem tomar as medidas necessárias para buscar explicações, garantir o acesso aos seus fundos e, se necessário, recorrer a suporte jurídico. Este caso também destaca a importância de estar sempre atento às transações realizadas em plataformas digitais e de compreender os Termos de Uso para evitar bloqueios indesejados.

Imagem: drobotdean / Freepik

Ellen D'Alessandro

Ellen é redatora, cursando Letras — Licenciatura/Português e Alemão — na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Apaixonada por livros e séries de TV, escrevo também sobre benefícios sociais.

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