Retorno do horário de verão em 2024? Governo avalia a possibilidade
O debate sobre o retorno do horário de verão no Brasil voltou à pauta em 2024, com o governo federal estudando a possibilidade de reintroduzir a medida como uma estratégia para lidar com os desafios energéticos e climáticos.
A medida, extinta em 2019 pelo então presidente Jair Bolsonaro, está sendo reavaliada diante da crise hídrica, aumento na demanda por eletricidade e a pressão para encontrar soluções eficientes e sustentáveis.
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Impacto da crise hídrica e energética
O principal fator que levou à reconsideração do horário de verão em 2024 é a severa estiagem enfrentada pelo Brasil. A crise hídrica reduziu drasticamente os níveis dos reservatórios das hidrelétricas, que são a principal fonte de energia do país.
A estiagem prolongada, especialmente em regiões dependentes de hidrelétricas, acendeu um alerta para a necessidade de gestão mais eficiente da eletricidade, a fim de evitar apagões e sobrecargas no sistema elétrico.
Segundo especialistas do setor, o horário de verão poderia ser uma medida estratégica para aliviar a pressão no consumo de energia, especialmente nos horários de pico.
Ao deslocar a demanda de eletricidade para horários menos críticos, o Brasil poderia reduzir a necessidade de acionar termelétricas, fontes de energia mais caras e poluentes.
O que dizem os especialistas
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, é um dos defensores da medida, destacando que ela pode gerar alívio significativo para o sistema elétrico, especialmente durante o final da tarde e início da noite.
Esses são os horários de maior demanda, quando a população intensifica o uso de eletrodomésticos e iluminação. A implementação do horário de verão ajudaria a suavizar esses picos, beneficiando tanto o sistema elétrico quanto o consumidor.
Além disso, a medida poderia trazer impactos positivos para setores como o turismo e o comércio, com o prolongamento da luz natural favorecendo atividades ao ar livre e estimulando o movimento em estabelecimentos comerciais.
Expectativas para o horário de verão em 2024
Caso o horário de verão seja aprovado para 2024, a expectativa é de que ele seja implementado em novembro, seguindo o calendário de anos anteriores. A decisão final, no entanto, ainda está nas mãos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que deverá ouvir recomendações da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).
As autoridades estão considerando os benefícios potenciais da medida, tanto do ponto de vista energético quanto econômico.
Além de aliviar o sistema elétrico, o horário de verão pode gerar impactos positivos em áreas urbanas, incentivando o turismo e aumentando o movimento de bares, restaurantes e lojas, principalmente em regiões turísticas.
Vantagens e desvantagens do horário de verão
A adoção do horário de verão traz benefícios claros, especialmente no que diz respeito à economia de energia e à maior eficiência no uso de fontes renováveis.
Com o prolongamento das horas de luz solar, há uma redução no uso de iluminação artificial e outros equipamentos eletrônicos, o que contribui diretamente para a diminuição da demanda por eletricidade em horários críticos.
Incentivo ao uso de energias renováveis
Outro aspecto positivo do horário de verão é o incentivo ao uso de energias renováveis, como solar e eólica. Como o período de maior produção dessas energias coincide com os horários de maior demanda, a extensão do uso da luz natural pode contribuir para uma menor dependência das termelétricas, que são mais caras e menos sustentáveis.
Além disso, o horário de verão pode ter um efeito positivo na segurança pública. Com mais luz no final da tarde, há uma diminuição nos índices de criminalidade e acidentes de trânsito, já que ruas e rodovias permanecem mais iluminadas durante o período de maior movimento.
Críticas ao horário de verão
Por outro lado, o retorno do horário de verão não é consenso. Muitos críticos apontam o impacto negativo da mudança sobre o relógio biológico das pessoas.
A adaptação ao novo horário pode ser particularmente difícil para adolescentes, crianças e pessoas com rotinas fixas. Alguns relatam dificuldades para dormir, sensação de cansaço e alterações no humor nos primeiros dias após a mudança.
Outro ponto levantado pelos críticos é a menor economia de energia observada nos últimos anos. Com a modernização dos aparelhos eletrônicos e o aumento da eficiência energética, a economia gerada pelo horário de verão se tornou menos significativa do que no passado, levando alguns a questionarem a real necessidade da medida.
Opinião pública dividida
A opinião pública está dividida em relação ao retorno do horário de verão. De acordo com pesquisas recentes, 54,9% da população é a favor da medida, enquanto 28% são contrários e 16,9% se declaram neutros ou sem opinião formada.
O apoio é maior nas regiões Sul e Sudeste, onde o horário de verão tem um impacto mais perceptível devido à variação sazonal de luz solar. Os setores de comércio e turismo também se mostram favoráveis ao retorno.
A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) projeta que o aumento na movimentação de pessoas nas tardes prolongadas poderia gerar um incremento de até 15% no faturamento de estabelecimentos comerciais, especialmente em cidades com forte apelo turístico.
Futuro do horário de verão
Apesar das vantagens que o horário de verão pode oferecer, ele não é uma solução definitiva para os problemas energéticos do Brasil. A crise hídrica que afeta o país em 2024 demonstra a urgência de outras ações complementares, como a expansão do uso de energias renováveis e o aprimoramento da gestão dos recursos hídricos.
Em setembro de 2024, o Brasil registrou um pico de consumo de 105 gigawatts (GW) em uma única tarde, impulsionado pelo calor intenso e pelo uso generalizado de ar-condicionado.
Esse valor está muito acima da média usual de 85 GW, o que demonstra que o horário de verão, embora útil, pode não ser suficiente para enfrentar crises energéticas de grande magnitude.
Decisão final
A decisão sobre o retorno do horário de verão será tomada nas próximas semanas. O governo está considerando uma série de fatores, como as previsões de chuva para os meses seguintes e o impacto econômico da medida.
O retorno do horário de verão é uma possibilidade concreta, mas depende de uma avaliação cuidadosa dos benefícios e dos desafios que ele apresenta.
Considerações finais
O retorno do horário de verão em 2024 está sendo amplamente discutido como uma possível solução para os desafios energéticos enfrentados pelo Brasil. Embora a medida traga vantagens, como a redução no consumo de energia e o incentivo ao turismo, também há críticas quanto ao seu impacto na saúde e à sua eficiência energética.
A decisão final cabe ao governo, que precisa equilibrar os benefícios da medida com as necessidades da população e do sistema elétrico.
Imagem: Steklo / Shutterstock.com