Inadimplência em alta: Dois em cada cinco brasileiros estão negativados em setembro
A inadimplência continua a afetar uma parcela significativa da população brasileira, com dois em cada cinco cidadãos negativados no último mês de setembro. De acordo com um levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), que utiliza dados do SPC Brasil, mais de 67,5 milhões de consumidores estavam inadimplentes, representando 40,91% da população adulta. O cenário é preocupante, apesar de uma ligeira queda de 0,32% em relação ao mesmo período do ano passado.
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Perfil dos inadimplentes
Entre os inadimplentes, a média de dívida registrada foi de R$ 4.386,62, com quase metade desse grupo (45%) devendo até R$ 1 mil. O estudo revela ainda que a faixa etária de 30 a 39 anos é a mais afetada pela inadimplência, com 23,7% dos consumidores nessa categoria enfrentando dificuldades para quitar suas dívidas.
Metade das pessoas nessa faixa etária está negativada, um reflexo das dificuldades econômicas enfrentadas por muitos durante essa fase da vida, que costuma incluir maiores responsabilidades financeiras, como família e moradia.
Dívidas com bancos lideram
A pesquisa mostra que 64,86% dos débitos estão relacionados a bancos, com uma média de 2,11 dívidas por consumidor nesse setor. Isso indica que muitos brasileiros estão recorrendo a linhas de crédito e cartões bancários para suprir suas necessidades financeiras. Outros setores que acumulam dívidas incluem o comércio, com 10,69%, e água e luz, com 10,34%.
Por outro lado, alguns setores apresentaram uma leve redução no número de inadimplentes. As dívidas relacionadas a água e luz caíram 11,24%, enquanto o endividamento no comércio teve uma retração de 6,06%, e em comunicações a queda foi de 5,27%.
Crédito fácil, mas caro
Roque Pellizzaro Júnior, presidente do SPC Brasil, destaca a necessidade de maior cautela por parte dos consumidores na busca por crédito. “Em média, os consumidores inadimplentes têm dívidas com mais de duas empresas credoras. O que mostra o impacto de um sistema de crédito acessível, porém caro e com juros elevados”, afirma Pellizzaro.
O presidente alerta que a concentração de dívidas no setor bancário sugere que muitos brasileiros estão recorrendo a empréstimos pessoais e cartões de crédito para tentar contornar suas dificuldades financeiras, o que pode gerar ainda mais inadimplência, diante das altas taxas de juros praticadas no país.
O impacto da inadimplência
O aumento da inadimplência é um reflexo direto das condições econômicas desafiadoras que muitos brasileiros enfrentam. O crédito, embora necessário, pode se tornar um ciclo vicioso para consumidores que não conseguem honrar seus compromissos financeiros. As altas taxas de juros e a falta de planejamento financeiro são fatores que continuam a pressionar as famílias, principalmente as de menor renda, que acabam sendo as mais vulneráveis.
Com o aumento do número de negativados, a economia nacional também sente os efeitos, uma vez que o consumo é diretamente impactado. A busca por soluções que permitam uma maior educação financeira e o acesso a crédito responsável é fundamental para evitar que o número de inadimplentes continue a crescer nos próximos meses.
Imagem: Towfiqu barbhuiya / Unsplash