O Simples Nacional é um regime tributário que simplifica o pagamento de impostos para micro e pequenas empresas no Brasil, reunindo em uma única guia o recolhimento de vários tributos. Esse regime, além de menos burocrático, é geralmente mais acessível em termos de carga tributária, tornando-se uma opção atraente para muitos empresários.
No entanto, para usufruir dessas vantagens, é preciso que as empresas cumpram rigorosamente suas obrigações fiscais. Recentemente, mais de 3.000 empresas no estado do Espírito Santo foram notificadas sobre o risco de exclusão do Simples Nacional devido a pendências fiscais.
Segundo a Receita Estadual, o valor total das dívidas dessas empresas ultrapassa R$ 55 milhões. A exclusão pode resultar em um aumento significativo da carga tributária e colocar a viabilidade desses negócios em risco.
Leia mais:
Aposentadoria para MEIs: Como garantir um valor superior ao salário mínimo
Impacto da exclusão do Simples Nacional
A exclusão do Simples Nacional é um golpe duro para qualquer empresa, especialmente para micro e pequenas, que dependem da simplificação tributária para se manterem competitivas.
As empresas que perdem o direito ao Simples passam a ser obrigadas a recolher tributos de forma separada, como o Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ), Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), entre outros.
Essa transição para o regime tributário ordinário pode trazer um aumento considerável nos custos operacionais, dificultando ainda mais a sobrevivência das empresas em um ambiente econômico desafiador.
Além disso, a complexidade na gestão tributária aumenta, exigindo maior cuidado no cumprimento das obrigações fiscais e, em muitos casos, a contratação de serviços contábeis mais robustos.
Como a exclusão impacta a carga tributária
O Simples Nacional permite que vários impostos sejam pagos em uma única guia, com alíquotas menores e ajustadas ao faturamento da empresa. No regime ordinário, essa simplificação é perdida.
As alíquotas de tributos como o IRPJ, a CSLL e o IPI podem ser significativamente mais altas, gerando um peso maior no orçamento das empresas que já enfrentam dificuldades financeiras. Além disso, a obrigatoriedade de recolher tributos separadamente implica em mais burocracia e prazos a serem seguidos.
Essa exclusão também traz consequências indiretas, como a perda de competitividade no mercado, dificuldade em obter crédito e até mesmo o risco de fechamento do negócio.
As razões por trás da exclusão de empresas do Simples Nacional
A exclusão do Simples Nacional geralmente ocorre quando a empresa acumula pendências fiscais que não são regularizadas dentro do prazo determinado pela Receita Federal. Entre os motivos mais comuns para a exclusão, destacam-se:
- Dívidas com o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços);
- Parcelamentos interrompidos ou inadimplentes;
- Débitos inscritos em dívida ativa;
- Falhas no envio de obrigações acessórias, como declarações e guias.
Essas pendências costumam ser mais frequentes em empresas que enfrentam dificuldades financeiras, especialmente no setor de comércio varejista, que foi fortemente afetado pela crise econômica dos últimos anos.
Importância de monitorar notificações fiscais
Para evitar a exclusão, é crucial que os empresários acompanhem regularmente suas notificações fiscais, especialmente as enviadas por meio do Domicílio Tributário Eletrônico (DT-e), sistema utilizado pela Receita para comunicar débitos e irregularidades.
Muitas empresas acabam sendo excluídas simplesmente por não estarem atentas às notificações ou não conseguirem regularizar suas dívidas dentro do prazo estabelecido.
Oportunidade de regularização: o que fazer para evitar a exclusão?
Se a empresa foi notificada pela Receita sobre pendências fiscais que podem resultar em sua exclusão do Simples Nacional, é fundamental agir rapidamente. A Receita Federal concede um prazo de 30 dias para que as empresas regularizem suas dívidas e evitem a exclusão. Entre as alternativas de regularização estão:
- Quitação integral dos débitos;
- Parcelamento das dívidas em condições especiais;
- Adesão a programas de renegociação de dívidas, que podem incluir descontos em juros e multas, além de prazos de pagamento estendidos.
A Secretaria da Fazenda do Espírito Santo, por exemplo, oferece programas de parcelamento que permitem que as empresas paguem suas dívidas em até 137 meses, dependendo da gravidade da situação fiscal.
Programas de renegociação de dívidas
Além das opções tradicionais de parcelamento, o governo federal frequentemente lança programas de renegociação, como o Refis, que permite a regularização de débitos tributários com condições mais favoráveis. Esses programas são uma excelente oportunidade para empresas que acumulam dívidas, pois podem oferecer descontos significativos em multas e juros.
Consequências econômicas e sociais da exclusão
A exclusão de empresas do Simples Nacional pode ter impactos devastadores não apenas para os negócios diretamente afetados, mas também para a economia local. No Espírito Santo, por exemplo, mais de 3 mil empresas estão em risco de exclusão, a maioria delas no setor de comércio varejista.
Se essas empresas não conseguirem se regularizar, poderão enfrentar uma elevação significativa dos custos operacionais, levando ao fechamento de muitas delas.
A saída dessas empresas do mercado pode agravar o problema do desemprego na região e reduzir a arrecadação de tributos, impactando negativamente os cofres públicos e o desenvolvimento econômico local.
Como manter a saúde financeira e evitar a exclusão?
Para se manter no Simples Nacional e evitar surpresas desagradáveis, é essencial que os empresários sigam algumas práticas fundamentais:
- Acompanhamento regular das notificações fiscais: verifique o Domicílio Tributário Eletrônico (DT-e) com frequência para estar sempre ciente de eventuais pendências;
- Contratação de um contador de confiança: um profissional capacitado pode ajudar a manter as contas em dia e evitar problemas fiscais;
- Planejamento tributário: é importante se organizar financeiramente para os períodos de pagamento de impostos, evitando que a inadimplência crie uma bola de neve de dívidas;
- Renegociação de dívidas: caso a empresa esteja com dificuldades para quitar suas obrigações, busque imediatamente opções de parcelamento e renegociação.
Alternativas para empresas excluídas do Simples Nacional
Se a exclusão for inevitável, ainda há alternativas para as empresas continuarem operando. Uma delas é migrar para o Lucro Presumido, que, embora mais complexo, pode ser uma boa opção para empresas com faturamento mais elevado. Outra alternativa é buscar apoio em programas voltados para micro e pequenas empresas, que oferecem linhas de crédito, consultoria de gestão financeira e incentivos.
A exclusão do Simples Nacional pode representar um desafio enorme, mas com planejamento, atenção e uso das ferramentas de regularização, é possível evitar esse destino e garantir a continuidade do negócio no regime simplificado.
Imagem: rafapress / shutterstock.com