Receita Federal: Auditores-fiscais iniciam paralisação de 48 horas por reajuste salarial
Os auditores-fiscais da Receita Federal iniciaram, a partir da última terça-feira (29), uma paralisação de 48 horas em protesto contra a falta de negociação para a reposição das perdas salariais acumuladas desde 2016. A mobilização visa pressionar o Ministério da Gestão e Inovação (MGI) a cumprir um acordo firmado em maio deste ano, que previa a criação de uma mesa de negociação específica para discutir o reajuste dos salários da categoria. A insatisfação com a demora nas negociações tem gerado um clima de tensão, levando a categoria a se mobilizar em busca de um compromisso por parte do governo.
Motivos da paralisação
A decisão de interromper as atividades vem após uma expectativa não atendida: o MGI deveria ter iniciado as negociações até julho, mas até o momento não houve qualquer avanço.
Dão Real, diretor de Assuntos Intersindicais e Internacionais do Sindifisco Nacional, expressou a indignação da categoria, afirmando: “As outras carreiras que assinaram o acordo já estão com as suas negociações concluídas, apenas os auditores-fiscais ficaram de fora. Entendemos que esse não é um comportamento isonômico dentro do serviço público.”
Medidas durante a mobilização
Durante a paralisação, os auditores farão um trabalho de fiscalização mais rigoroso nas aduanas, priorizando a inspeção de mercadorias essenciais, como animais vivos, medicamentos e alimentos. Essa estratégia busca evidenciar a importância do trabalho da Receita Federal, mesmo em um período de mobilização.
“Nosso objetivo é chamar a atenção para a necessidade de valorização da nossa categoria e do compromisso do governo em honrar os acordos firmados”, destacou Dão Real.
Insatisfação acumulada
A insatisfação da categoria é histórica e vem se acumulando ao longo dos anos. A atual mobilização é apenas uma das etapas de um processo que pode levar a ações mais drásticas caso o governo permaneça inerte em relação às reivindicações.
“Esperamos que o MGI faça valer seu compromisso e inicie as negociações de forma urgente. A paciência da categoria tem limites, e estamos prontos para intensificar nossa luta se necessário”, conclui o diretor do Sindifisco.
Impactos da paralisação
Esse movimento ocorre após uma greve anterior que durou mais de 80 dias e foi encerrada em fevereiro deste ano, quando a categoria aceitou uma proposta do governo federal, considerada “razoável” pelo Sindicato dos Auditores-Fiscais da Receita Federal. Na ocasião, os auditores optaram por não receber reajuste em 2024, aceitando apenas correções em benefícios, como auxílios alimentação, saúde e creche.
Jackson Campos, especialista em comércio exterior, alerta sobre os impactos que uma greve da Receita Federal pode ter na economia.
“A greve dos auditores fiscais da Receita Federal causa atrasos na liberação de mercadorias, elevando custos com armazenagem, além de interromper cadeias de suprimentos. Setores como o automotivo, varejo e farmacêutico são diretamente afetados, pois dependem da importação de insumos. Se a greve se prolongar, isso pode gerar desabastecimento e inflação”, afirma Campos.
Conclusão
A paralisação dos auditores-fiscais da Receita Federal representa uma resposta contundente a uma situação de impasse nas negociações salariais.
Com um claro chamado à valorização de sua categoria, os auditores buscam garantir que suas demandas sejam ouvidas e respeitadas, lembrando a todos a importância de seu papel na administração pública.
A continuidade das negociações é essencial para evitar um agravamento da crise que pode afetar não apenas os profissionais, mas toda a economia do país.
Imagem: Marcelo Camargo / Agência Brasil