Entre agosto de 2023 e setembro de 2024, a aposentada Georgia Infante, de 61 anos, foi surpreendida por uma série de fraudes financeiras envolvendo empréstimos consignados realizados sem seu consentimento. O caso revela vulnerabilidades no sistema de segurança do INSS, expondo aposentados e pensionistas ao risco de golpes financeiros. Mesmo com uma ordem judicial para cancelar as operações, os valores descontados até o momento, somando R$ 9.595,62, ainda não foram devolvidos, deixando Georgia em uma batalha jurídica para reaver seu dinheiro.
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Golpes se multiplicam e prejuízo aumenta
Georgia relata que ao longo de um ano, documentos falsificados foram utilizados para aprovar empréstimos consignados em seu nome. Somente nos últimos meses, ela enfrentou 12 tentativas de fraude, sendo que cinco empréstimos, totalizando R$ 129.788,46, foram efetivamente aprovados e descontados em seu benefício.
A primeira fraude aconteceu em agosto de 2023, quando um empréstimo de R$ 16.999,95 foi liberado pela Facta Financeira, mesmo com a vítima tendo bloqueado seu benefício para esse tipo de operação.
Ao buscar ajuda em uma agência do INSS, a aposentada foi orientada a entrar em contato com a Facta Financeira. No entanto, a comunicação foi interrompida, e ela foi informada de que havia um telefone diferente em seu cadastro, indicando possível adulteração de dados.
Aumento da fraude em 2024
Novas dívidas surgiram no benefício de Georgia em 2024, somando valores expressivos: R$ 20.791,66 em janeiro, seguidos de R$ 30.340,41 em fevereiro e outros R$ 30.445,54 em abril. Embora a última tentativa tenha sido cancelada, o golpe mais recente, em setembro de 2024, adicionou R$ 31.210,90 em dívidas fraudulentas, causando ainda mais preocupação à aposentada.
— Eu tenho mais de R$ 9 mil de descontos. O valor faz a diferença na hora de fechar as contas, porque tenho que arcar sozinha com as despesas de alimentação, condomínio, luz e gás. E o pior é que fico com medo de novos empréstimos serem realizados nos próximos meses — desabafa Georgia.
O INSS, em nota, afirmou que a responsabilidade pela devolução dos valores descontados cabe às instituições financeiras envolvidas. Enquanto isso, tanto o Banco Santander quanto a Facta Financeira informaram que prestariam esclarecimentos ao Judiciário.
Fraude no atendimento e mudanças no acesso ao Meu INSS
O caso tomou novo rumo em outubro de 2024, quando a aposentada recebeu e-mails do INSS informando que ela teria comparecido a uma agência nos dias 15 e 18 daquele mês, em horários nos quais Georgia afirma que estava dormindo. “Alguém foi no meu lugar. Será que o funcionário não confere o documento?”, questiona a vítima.
Ao investigar, descobriu-se que a senha de acesso da aposentada ao sistema Meu INSS foi alterada, possibilitando a realização de novos empréstimos. O e-mail de login também foi modificado diversas vezes, segundo relatos de Georgia e seu advogado.
Diante dos fatos, seu advogado, Aloysio Silva, protocolou uma denúncia no Ministério Público Federal (MPF), solicitando imagens das câmeras da agência previdenciária. Uma identidade falsa, contendo dados adulterados e uma foto que não é de Georgia, foi anexada ao processo como prova.
INSS anuncia medidas para evitar fraudes
O INSS afirmou que já enviou as imagens das supostas visitas à Polícia Federal e declarou que a biometria será implementada para autorizar novas operações de crédito consignado.
Com a medida, o órgão espera reforçar a segurança contra operações sem o consentimento dos beneficiários. No entanto, Georgia afirma que não foi informada sobre a atualização de acesso.
A Secretaria de Governo Digital, responsável pela segurança do login Gov.br, que controla o acesso ao Meu INSS, também foi questionada. A pasta confirmou que registra todas as atividades na plataforma, mas não esclareceu quais medidas adotou para proteger a conta da vítima.
Como evitar o golpe do consignado?
Para prevenir fraudes como a que afetou Georgia, o INSS orienta que, ao identificar operações suspeitas, o beneficiário deve imediatamente acionar a instituição financeira responsável, registrar um boletim de ocorrência e denunciar o caso no Portal do Consumidor e na ouvidoria do órgão.
Outra medida preventiva é bloquear solicitações de empréstimo consignado diretamente no aplicativo ou no site Meu INSS. O bloqueio pode ser realizado ao fazer login com a conta Gov.br, que exige CPF e senha do beneficiário.
Em casos de suspeita de fraude ou vazamento de dados pessoais, é essencial manter as informações de login protegidas e ativas. Em caso de problemas com o acesso ao Gov.br, o usuário pode entrar em contato com a Secretaria de Governo Digital para solicitar suporte.
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