Inflação dos alimentos em alta: Maior taxa desde 2022
A inflação dos alimentos no Brasil registrou um salto significativo em novembro de 2024, alcançando sua maior taxa mensal desde abril de 2022. O aumento de 2,29% reflete uma série de pressões econômicas, tanto internas quanto externas, que afetam diretamente o bolso dos consumidores.
Esse movimento é impulsionado por uma combinação de fatores, como aumento nas exportações, oscilações no câmbio, colheitas menores e uma demanda crescente, que estão impulsionando os preços no mercado interno.
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Aumento da inflação: o impacto nos alimentos básicos
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fipe apontou uma inflação de 2,29% para os alimentos em novembro, o que representa o maior aumento desde abril de 2022, quando a taxa foi de 3,38%.
Embora a taxa acumulada de 2024, de 4,3%, seja mais moderada do que a observada no ano anterior, o impacto dos preços elevados está sendo sentido nos mercados de consumo, especialmente em produtos essenciais, como carnes, café e soja.
Fatores que impulsionam o aumento dos preços: exportações e câmbio
Um dos principais motores dessa inflação são as exportações brasileiras, que continuam aquecidas, principalmente devido à valorização do dólar. Com o câmbio elevado, os produtos brasileiros se tornam mais competitivos no mercado externo, mas isso também significa que os preços dos produtos exportados afetam diretamente o mercado interno.
No caso das carnes, por exemplo, as exportações aumentaram significativamente, elevando o preço da carne bovina, suína e de frango. Em novembro de 2024, a carne suína, por exemplo, teve um aumento de 77% no preço de exportação em comparação ao ano anterior.
Esse aumento de demanda externa foi refletido no mercado interno, onde a carne bovina e suína registraram elevações de 10,5%, enquanto a carne de frango subiu 5%.
O papel do clima
Além das exportações, os fenômenos climáticos também têm contribuído para o aumento dos preços. A produção de café, um dos produtos mais afetados, foi severamente impactada por condições climáticas desfavoráveis tanto no Brasil quanto no Vietnã.
Como resultado, o preço da saca de café arábica atingiu o recorde de R$ 1.777, mais do que o dobro do valor registrado no ano anterior. Os preços elevados no mercado externo também empurraram os preços internos, com o café em pó subindo 5,7% nos supermercados.
Comodities como soja e açúcar: impactos no preço interno e externo
Outro produto que tem refletido o aquecimento das exportações é a soja, cujas vendas externas devem atingir 97 milhões de toneladas até novembro de 2024. O aumento na demanda, tanto interna quanto externa, resultou em uma alta de 15% no preço do óleo de soja nos supermercados.
Já o açúcar, que também é um dos principais produtos agrícolas do Brasil, viu uma desaceleração nos preços externos após um período de crescimento. Apesar disso, o preço do açúcar no mercado interno teve um aumento de 3,6%, o que também contribuiu para a inflação dos alimentos.
Produtos em queda: alívio parcial
Embora muitos alimentos estejam registrando aumentos de preços, alguns produtos apresentaram quedas, ajudando a conter a inflação. Entre eles estão o arroz, feijão, leite e legumes.
No caso do arroz, apesar de uma queda recente, o preço ainda acumula um aumento de 8% ao longo do ano.
O leite, por sua vez, viu um aumento de 23%, mas o preço caiu nos últimos meses, oferecendo um pequeno alívio para os consumidores.