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Starbucks é acusada de discriminação em ação judicial nos EUA

Na última terça-feira, 11 de fevereiro de 2025, a gigante do café Starbucks foi processada pelo estado do Missouri, nos Estados Unidos, por supostas práticas discriminatórias baseadas em raça, gênero e orientação sexual.

O processo acusa a empresa de utilizar suas políticas de diversidade, equidade e inclusão (IED) como um “pretexto” para discriminar e estabelecer um sistema de cotas que, segundo o estado, resulta em tratamento desigual de seus empregados.

O caso, que foi registrado no tribunal federal de St. Louis, gerou grande repercussão e segue um movimento político liderado por figuras como o ex-presidente Donald Trump, que se opõem a políticas IED nas empresas e no governo federal.

O Missouri alega que a Starbucks vinculou sua estratégia de remuneração de executivos a metas de contratação baseadas em critérios de raça e gênero, além de estabelecer quotas no conselho de diretores para garantir diversidade.

Neste artigo, exploraremos os detalhes dessa ação judicial, as implicações das políticas de diversidade nas empresas e como o cenário político nos EUA está afetando essas práticas.

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Acusações contra a Starbucks

Starbucks
Imagem: user18989612/ Freepik

De acordo com a queixa formal apresentada pelo procurador-geral do estado do Missouri, Andrew Bailey, a Starbucks teria infringido as leis federais e estaduais de direitos civis ao implementar uma série de práticas discriminatórias disfarçadas de políticas de diversidade. A queixa afirma que a empresa utilizou seu compromisso com a diversidade como justificativa para:

  1. Vinculação da remuneração de executivos a cotas de diversidade: Os executivos da Starbucks seriam incentivados a cumprir metas de contratação baseadas em raça e gênero, um ponto que o Missouri argumenta ser ilegal.
  2. Estabelecimento de cotas no conselho de diretores: A Starbucks teria introduzido um sistema de cotas para garantir que o conselho fosse composto por pessoas de diferentes etnias e raças, uma medida que, segundo a acusação, viola as leis de direitos civis.

Segundo o procurador-geral, a utilização de critérios raciais e de gênero para determinar cargos e remunerações constitui uma forma de discriminação, que resulta em injustiça para aqueles que não atendem a essas normas.

Contexto Político e a Batalha Contra as Políticas de Diversidade

A ação movida pelo estado do Missouri é apenas um capítulo da crescente batalha política nos Estados Unidos contra as políticas de diversidade, equidade e inclusão (IED). Durante seu mandato, o ex-presidente Donald Trump e outros políticos republicanos intensificaram as críticas a essas políticas, considerando-as discriminatórias.

Em 2020, logo após reassumir a Casa Branca, Trump emitiu um decreto que proibia programas de IED no governo federal. A medida instruiu que todos os funcionários públicos envolvidos com esses programas fossem colocados em licença administrativa, com a possibilidade de demissão.

O movimento teve grande repercussão, e diversas empresas privadas, incluindo Meta (Facebook), Amazon e Walmart, ajustaram suas práticas ou encerraram iniciativas de diversidade em resposta à pressão política.

As políticas de diversidade nas empresas privadas, especialmente em grandes corporações como a Starbucks, tornaram-se um campo de batalha em um cenário político polarizado. O que antes era uma tentativa de promover maior representatividade e inclusão, agora é visto por críticos como uma prática que resulta em discriminação reversa e favorecimento injusto de certos grupos.

Resposta da Starbucks

Em sua defesa, a Starbucks se posicionou contra as acusações, afirmando que as alegações do Missouri são imprecisas. A empresa destacou que seus programas de diversidade, equidade e inclusão são parte de sua missão de criar um ambiente de trabalho mais justo e acessível para todos os seus colaboradores, sem qualquer tipo de discriminação.

A Starbucks reafirmou seu compromisso com a criação de oportunidades para todos os seus empregados, independentemente de sua raça, gênero ou orientação sexual. A empresa argumenta que suas políticas estão em conformidade com as leis e que qualquer acusação de discriminação é infundada.

Em comunicado oficial, a Starbucks declarou: “Estamos profundamente comprometidos em criar oportunidades para cada um de nossos colaboradores. Nossos programas e benefícios são abertos a todos e legais.”

Impacto das Políticas de Diversidade nas Grandes Empresas

O caso da Starbucks reflete um dilema crescente enfrentado por muitas grandes empresas nos EUA. Por um lado, essas corporações buscam ser vistas como líderes na promoção de um ambiente de trabalho diversificado e inclusivo. Por outro, há o risco de serem acusadas de práticas discriminatórias, caso não haja transparência e equidade nos critérios adotados.

Embora muitas empresas vejam as políticas de diversidade como uma forma de fomentar uma cultura mais inclusiva, a implementação dessas práticas pode ser controversa. Algumas críticas apontam que, ao tentar corrigir desigualdades históricas, as empresas podem estar criando novas formas de discriminação, ao forçar a contratação com base em critérios específicos de raça ou gênero.

Além disso, a pressão política para reverter ou ajustar essas políticas tem gerado um cenário de incerteza. Com o apoio de figuras políticas como Trump, que argumentam que essas iniciativas são prejudiciais, muitas empresas estão reavaliando suas abordagens.

A Starbucks, por exemplo, teve um caso semelhante rejeitado em 2023, quando acionistas da empresa questionaram suas práticas de diversidade em um tribunal federal do estado de Washington. Na ocasião, o juiz considerou que tais questões deveriam ser tratadas por legisladores, não pelo Judiciário.

Futuro das Políticas de Diversidade nas Corporações

O caso da Starbucks é um reflexo de uma tendência crescente de reavaliação das políticas de diversidade, equidade e inclusão no cenário corporativo dos Estados Unidos.

O desfecho dessa ação judicial pode ter implicações significativas para empresas de todos os setores, pois questiona o limite entre promover uma força de trabalho diversa e garantir que as políticas estejam em conformidade com as leis de direitos civis.

Se o processo for favorável ao estado do Missouri, poderá haver uma onda de revisões nas políticas de diversidade adotadas por empresas como a Starbucks. Isso também pode criar um precedente legal que influenciará como os programas de IED são implementados no futuro.

Enquanto isso, as empresas precisarão se adaptar às mudanças políticas e legais que envolvem questões de diversidade e inclusão. O equilíbrio entre promover a inclusão e respeitar os direitos civis continuará sendo um tema de debate e reflexão no setor corporativo dos EUA.

Conclusão

A acusação contra a Starbucks por discriminação em suas políticas de diversidade é mais do que um simples processo judicial; ela é um reflexo das tensões políticas que envolvem as práticas de inclusão no cenário corporativo dos Estados Unidos.

À medida que o país continua a debater a eficácia e a legalidade das políticas de diversidade, o futuro dessas iniciativas nas empresas ainda permanece incerto.

Imagem: Grand Warszawski / shutterstock.com

Ellen D'Alessandro

Ellen é redatora, cursando Letras — Licenciatura/Português e Alemão — na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Apaixonada por livros e séries de TV, escrevo também sobre benefícios sociais.

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