Ontem, 18 de março de 2025, a Polícia Federal (PF) realizou uma grande operação para desmantelar um esquema de fraude no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que resultou em um prejuízo superior a R$ 50 milhões.
Denominada “Caça ao Tesouro”, a operação teve como objetivo desarticular uma organização criminosa que atuava há mais de dez anos, manipulando o sistema de benefícios do INSS para sacar valores ilegais.
O golpe envolvia desde servidores do INSS até advogados e profissionais de cartório. Esta operação representa um marco na luta contra a corrupção e a fraude dentro da previdência social.
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O esquema fraudulento
A operação “Caça ao Tesouro” revelou um sofisticado esquema de fraudes envolvendo a inserção de dados falsos no sistema previdenciário do INSS. Segundo a Polícia Federal, os criminosos conseguiam aprovar benefícios sem a devida verificação, permitindo o saque de valores de maneira ilegal.
O esquema não contava apenas com funcionários do INSS, mas também com a colaboração de advogados, escreventes de cartório e profissionais de gráfica, que contribuíam na falsificação de documentos, como comprovantes de residência e dados cadastrais.
A quadrilha operava de forma articulada, utilizando os dados falsificados para aprovar benefícios de aposentadoria, pensão por morte, auxílio-doença e outros, que eram sacados por meio de contas bancárias em nome de terceiros, geralmente pessoas que desconheciam a fraude.
A Operação Caça ao Tesouro
A operação foi planejada após uma longa investigação que teve início em 2022, quando um homem foi preso em flagrante tentando sacar valores obtidos de forma ilícita. A partir dessa prisão, a Coordenação-Geral de Inteligência da Previdência Social (CGINP) se envolveu, e a PF passou a realizar monitoramentos para identificar os membros da organização criminosa.
Com o avanço das investigações, a polícia conseguiu coletar provas suficientes para justificar a emissão dos mandados de prisão e busca e apreensão.
A operação de hoje cumpriu 19 mandados de busca e apreensão e 13 mandados de prisão preventiva em várias localidades do Estado do Rio de Janeiro. Durante a ação, a PF prendeu nove pessoas e apreendeu diversos materiais relacionados à fraude, como carteiras de trabalho em branco, rolos de contas de luz (usados para falsificar comprovantes de residência), celulares e documentos falsificados.
O prejuízo para a Previdência Social
De acordo com estimativas da Polícia Federal, o prejuízo causado pela organização criminosa ultrapassa os R$ 50 milhões. Com o avanço das investigações e o cumprimento dos mandados de prisão e apreensão, acredita-se que a operação tenha evitado um prejuízo anual de cerca de R$ 9 milhões.
Esse valor corresponde ao montante que continuaria a ser desviado dos cofres públicos caso a fraude não fosse descoberta.
O número de benefícios fraudados chega a 193, o que evidencia a extensão e a complexidade do golpe. A operação “Caça ao Tesouro” não só desarticulou uma organização criminosa que prejudicava o INSS, mas também impediu o surgimento de novos casos, que poderiam prejudicar ainda mais os cofres públicos.
Os envolvidos no esquema
A operação revelou que a organização criminosa não operava sozinha. Servidores públicos do INSS foram identificados como participantes ativos do esquema, inserindo dados falsos no sistema de benefícios da previdência. Além disso, advogados e escreventes de cartório estavam envolvidos na falsificação de documentos, como comprovantes de residência e dados cadastrais, essenciais para dar suporte à fraude.
A participação de profissionais de gráfica também foi fundamental, já que eles produziam documentos falsos que eram utilizados para validar os benefícios fraudulentos.
A coordenação entre os envolvidos na fraude era fundamental para o sucesso da operação criminosa. Isso permitiu que as fraudes permanecessem por tanto tempo sem serem detectadas pelas autoridades, o que destaca a complexidade do esquema e a capacidade da organização criminosa de operar de forma clandestina.
Consequências legais e penalidades
As pessoas envolvidas no esquema de fraude estão sendo acusadas de crimes como inserção de dados falsos em sistemas de informações e formação de organização criminosa. Caso sejam condenados, os envolvidos podem enfrentar penas severas, com prisão de até 8 anos, além de multas.
A gravidade do crime está relacionada não apenas ao montante desviado, mas também à quebra da confiança do público nos sistemas de seguridade social.
A prisão de nove suspeitos é apenas a ponta do iceberg. A investigação continua, e a Polícia Federal promete continuar o trabalho para identificar outros membros da organização criminosa que possam estar atuando em outras regiões do Brasil.