Selic pode subir 1 ponto no encontro do Copom de hoje
Na busca incessante por controlar a inflação e equilibrar a economia brasileira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) enfrenta mais um desafio importante nesta quarta-feira, 19 de março de 2025. Em meio à pressão de preços elevados, especialmente no setor de alimentos e energia, o Copom poderá anunciar a quinta elevação consecutiva da taxa básica de juros, a Selic.
O cenário aponta para uma possível alta de 1 ponto percentual, levando a taxa de 13,25% para 14,25% ao ano. Essa decisão pode ter impactos diretos no crédito, no consumo e no crescimento econômico do país.
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A Taxa Selic e o papel do Copom
A Selic é um dos principais instrumentos da política monetária brasileira. A decisão do Copom sobre essa taxa tem um efeito direto na economia, afetando desde as negociações de títulos públicos até as taxas de juros cobradas por bancos e financeiras.
Ao elevar os juros, o Banco Central visa restringir o consumo, desaquecer a economia e, assim, controlar a inflação. O aumento dos juros torna o crédito mais caro e diminui a demanda por bens e serviços, o que pode ajudar a controlar a inflação no médio prazo.
O Copom, composto pela diretoria do Banco Central, reúne-se a cada 45 dias para discutir o cenário econômico e tomar decisões sobre a Selic. A reunião de hoje, 19 de março, pode marcar mais um aumento nas taxas, como já havia sido anunciado anteriormente pelo comitê.
Cenário atual da inflação
Um dos principais fatores que tem pressionado a inflação brasileira nos últimos meses são os preços dos alimentos. O aumento nos custos da energia também tem sido um fator significativo.
De acordo com o último boletim Focus, a expectativa de inflação para 2025 é de 5,66%, o que está bem acima da meta de 3% estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Embora o BC tenha tentado controlar a inflação por meio da elevação da Selic, o impacto dos aumentos nos preços ainda se reflete no bolso do consumidor.
O Comitê de Política Monetária tem alertado que a inflação pode ficar acima da meta por mais alguns meses. A expectativa é de que os preços continuem elevados no curto prazo, especialmente devido ao comportamento dos preços dos alimentos, que têm sido voláteis.
As consequências de um novo aumento na Selic
Se a elevação de 1 ponto percentual na Selic for confirmada, isso trará alguns efeitos visíveis na economia. O primeiro deles é o aumento no custo do crédito. Em um cenário de juros mais altos, o financiamento de bens, como carros e imóveis, se torna mais caro. O crédito pessoal também terá uma taxa mais elevada, o que pode desestimular o consumo das famílias e, consequentemente, desacelerar a economia.
Outro efeito relevante é sobre os investimentos. O aumento da Selic tende a tornar os investimentos em renda fixa mais atrativos, já que as taxas de juros sobre os títulos públicos aumentam. Isso pode atrair mais investimentos para o setor financeiro e reduzir o apetite dos investidores por ações e outros ativos de maior risco.
Apesar de ser uma ferramenta eficaz para combater a inflação, a elevação da Selic pode ter um custo alto para o crescimento econômico. A medida pode desacelerar o consumo e prejudicar a expansão das empresas, afetando o emprego e a geração de renda.
O modelo de meta contínua e o monitoramento da inflação
Desde janeiro de 2025, o Brasil adota o sistema de meta contínua de inflação, uma mudança importante na forma como a inflação é monitorada e controlada pelo Banco Central. Nesse modelo, a meta de inflação de 3% deve ser acompanhada mês a mês, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Isso significa que o BC pode aceitar uma inflação entre 1,5% e 4,5% sem precisar adotar medidas extraordinárias.
Esse sistema de monitoramento contínuo permite uma análise mais dinâmica da inflação, considerando a evolução mensal do índice de preços ao consumidor. Em fevereiro, por exemplo, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) será comparado com a meta de inflação, e o processo se repetirá nos meses seguintes.
A expectativa para o futuro
A pressão sobre a inflação deve continuar ao longo de 2025, principalmente devido à volatilidade dos preços dos alimentos e à instabilidade externa, que pode afetar os custos de energia e outras commodities.
O Banco Central também está atento ao impacto das políticas fiscais do governo, que têm gerado incertezas no mercado. Essas incertezas podem justificar um aumento da Selic, caso o cenário econômico não melhore.
No entanto, a alta da Selic pode ser uma faca de dois gumes. Embora ajude a controlar a inflação, a medida pode impactar negativamente a recuperação econômica, que ainda enfrenta desafios estruturais. A decisão de hoje será crucial para o equilíbrio da política monetária do governo.